Maternidade Januário Cicco opera com 146% da capacidade e enfrenta superlotação

A Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), em Natal, enfrentou um episódio de superlotação no último fim de semana. Até esta segunda-feira (12), a unidade operava com 146% de sua capacidade, o que representa cerca de 60 pacientes a mais, visto que os 128 leitos estavam ocupados. O problema, recorrente em períodos de maior demanda, afetou pacientes e acompanhantes, que relataram esperas prolongadas e falta de vagas nas enfermarias. Apesar da situação, o atendimento não deixou de ser ofertado.
“Está bem cheio, mas não tanto quanto no fim de semana. Eu estou pedindo a Deus que a minha menina saia amanhã. Ela está aqui desde sexta-feira passada. Eu fiquei com ela aqui porque a outra minha filha precisou ir pra casa, porque tem que trabalhar”, contou Lucilene Almeida, mãe de uma paciente que já teve o bebê e permanece internada na maternidade. “Ela já teve o bebê e os dois estão bem, mas antes precisou esperar no corredor. Ainda bem que o atendimento não faltou. A equipe é muito boa”, elogiou.
Alice Cavalcante de Lima também passou o fim de semana na unidade. “Estou acompanhando a minha filha. Ela veio ter bebê aqui porque o parto dela é de risco. Deu entrada na madrugada do sábado, e teve bebê ontem (domingo). Somos aqui de Natal e realmente está bem lotada a maternidade”, relatou.
A filha de Alice também precisou esperar no corredor. “Teve que esperar no corredor porque não tinha vaga, e só quando liberou alguém é que ela pôde subir. Mas ela está bem com meu neto. Apesar da lotação, o atendimento foi excelente e não faltaram os cuidados. Só está cheia”, relatou.
A Maternidade Escola Januário Cicco, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (MEJC-UFRN), é vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) desde 2013. Dos 128 leitos, 26 são de tratamento intensivo (UTI Adulto e Neonatal) e 15 de cuidados intermediários neonatais. Em nota oficial, a direção da maternidade confirmou que a unidade está operando com cerca de 46% acima da sua capacidade instalada. “A situação decorre, principalmente, da alta demanda encaminhada por outras unidades de saúde do Estado, que também enfrentam superlotação e dificuldades na composição de suas equipes profissionais”, informa o texto.
A nota acrescenta que a MEJC tem adotado medidas emergenciais para garantir a continuidade e a segurança do atendimento, como reorganização de fluxos internos e otimização de recursos. A instituição também fez um apelo por maior articulação entre os entes do Sistema Único de Saúde (SUS) para enfrentar o cenário crítico de forma conjunta.
A Sesap/RN, também por meio de nota, afirmou que não tem ingerência sobre a Maternidade Escola, por se tratar de uma unidade contratada pela Prefeitura de Natal. “A área técnica materno-infantil da Sesap requisitou à Maternidade-Escola Januário Cicco que informasse à Prefeitura do Natal visto que o Estado não tem gerência sobre a situação e não pode interferir diretamente no caso”, explicou o órgão.
Ainda de acordo com a Sesap, a superlotação da MEJC se agravou com o fechamento temporário de maternidades municipais durante o final de semana, o que levou à sobrecarga da unidade e do Hospital Santa Catarina, outra referência para gestação de alto risco. “Saliente-se ainda o aumento constante dos casos de gestação de alto risco com o qual os serviços de saúde vêm dando conta nos últimos anos”, conclui a secretaria.
A Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS) informou que as Maternidades Dr. Araken Irerê Pinto e Leide Morais seguem funcionando normalmente no atendimento às gestantes, com todos os cuidados necessários. A pasta diz que entre a última sexta-feira (9) e o domingo (11), foram contabilizados 13 procedimentos da Maternidade Leide Morais (cinco partos normais, sete cesáreos e uma curetagem com revisão de canal), além de 67 atendimentos no Pronto Socorro obstétrico da unidade. No mesmo período, a Maternidade Araken Pinto registrou 16 procedimentos (cinco partos normais, 10 cesáreos e uma curetagem). No total, a unidade efetuou 84 atendimentos gerais, com 22 internações e quatro transferências.
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Tribuna do Norte