Rio Grande do Norte
02 jul

Mais etanol na gasolina não garante queda de preços, diz Sindipostos

Mais etanol na gasolina não garante queda de preços, diz Sindipostos

O Conselho Nacional de Política Energética anunciou na última semana o aumento da mistura obrigatória de etanol na gasolina – de 27% para 30% – , com a previsão de reduzir em R$ 0,11 o preço do litro do combustível. A mudança passa a valer a partir de 1º de agosto. O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do RN (Sindipostos/RN) diz, no entanto, que a mudança poderá não acarretar em qualquer redução para a gasolina, uma vez que, conforme cita um posicionamento da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), a mudança indica uma queda de apenas R$ 0,02 por litro.

“Diferentemente do cálculo do Governo, o valor [de queda do preço do litro da gasolina] apontado pela Fecombustíveis é bem menor, de R$ 0,02, uma diferença que dificilmente vai ser repassada da distribuidora aos postos. Além disso, se levar em consideração que o etanol consome mais, o motorista não vai conseguir economizar, porque se o tanque do carro dele permitia fazer 100 km, agora vai conseguir fazer menos. Na prática, a medida não é boa para o consumidor”, pontua o presidente do Sindipostos/RN, Maxwell Flor.


O presidente aponta também outras desvantagens – uma delas é que os motores de veículos movidos exclusivamente por gasolina poderão necessitar de manutenção com maior frequência, dada a ampliação da mistura. “Existem estudos que aprovaram o aumento do etanol anidro na gasolina para motores não-flex e existem outros que desaprovaram. Então, estamos esperando para ver na prática”, afirma.


As vantagens, segundo ele, é que o combustível passará a ser mais limpo. “Além disso, o Governo aponta que, agora, o País deixará de importar gasolina e isso é positivo”, analisa Maxwell Flor. De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), o Brasil deverá economizar R$ 4 bilhões por ano com a mudança, tornar-se autossuficiente na produção de gasolina e virar um exportador do combustível. Ainda segundo o MME, a adoção do chamado E30 vai provocar redução de até 1,36 bilhão de litros na demanda por gasolina A, aquela produzida pelas refinarias antes da adição de álcool etílico anidro. O Governo espera também uma economia de R$ 0,02 por quilômetro rodado, o que seria relevante para o transporte de passageiros.


Para o economista Ricardo Valério, via de regra, o aumento da mistura tende a reduzir os preços do litro da gasolina, mas há um fator que deve ser levado em consideração e que impede de visualizar o cenário com mais clareza. “A grande questão é que, muitas vezes, o produtor sofre a concorrência do açúcar. Então, as usinas não conseguem produzir a quantidade [de etanol] necessária. Há uma dúvida nesse aspecto, porque pode ser mais atrativo exportar açúcar do que produzir etanol”, analisa.


“Mas a regra básica é que, quanto maior o percentual de mistura, maior a implicação no preço do combustível se a produção [desse combustível] for suficiente”, acrescenta o economista. A TRIBUNA DO NORTE procurou a Brava Energia, administradora da refinaria potiguar Clara Camarão, em Guamaré, para obter um posicionamento sobre eventuais impactos da medida, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.


Além das mudanças que envolvem a mistura de etanol e gasolina, também haverá alterações, a partir de 1º de agosto, na mistura de biodiesel ao diesel (B15), que passará de 14% para 15%. “Nesse caso, o combustível ficará mais caro – embora seja algo irrisório – e com uma qualidade inferior”, diz Maxwell Flor. De acordo com a Fecombustíveis, o aumento será de R$ 0,02 por litro. O Governo não divulgou estimativas de impacto nos preços decorrentes dessa mudança.


Segundo o MME, a implementação do E30 e do B15 reduz a dependência brasileira em combustíveis fósseis, o que diminui a necessidade de importações. As medidas, conforme o Ministério, ampliam o uso de combustíveis renováveis no Brasil, fortalecem a produção nacional e contribuem para a redução da emissõ de gases poluentes e para o desenvolvimento econômico do País. Apenas com a transição do E27 para o E30, são esperados mais de R$ 10 bilhões em investimentos e a criação de mais de 50 mil postos de trabalho.

 Foto: Alex Régis

Tribuna do Norte

PAX

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