Rio Grande do Norte
05 out

Inteligência artificial desafia processo de aprendizagem em escolas

Inteligência artificial desafia processo de aprendizagem em escolas

Desde 2024, a Secretaria Estadual de Educação (SEEC/RN) criou a Coordenadoria de Inovação e Tecnologia Educacional (COINTE), responsável por integrar novas tecnologias, incluindo a IA, nas escolas da rede estadual. Também foram criados Núcleos de Apoio em Tecnologia Educacional (NATs), que dão suporte direto às escolas e professores em cada regional. A estratégia visa atingir todas as unidades, considerando a dimensão do estado e a diversidade das localidades.

O coordenador do COINTE, Josenildo Souza, que até então estava em sala de aula, afirma que, desde a criação, foram oferecidas formações para cerca de 900 professores, principalmente do ensino médio, para que atuem como multiplicadores nas escolas. Entre as ferramentas trabalhadas estão Google for Education e a IA Gemini, usada oficialmente nas atividades escolares.

Ele destaca que o foco não é apenas o uso da IA, mas a intencionalidade pedagógica por trás de cada atividade. “Se você usar com intenção, o aprendizado acontece. Tem que ter intencionalidade”, ressalta. Ele reforça que a tecnologia não substitui o professor, mas funciona como aliada, auxiliando alunos a estudar, revisar conteúdos e desenvolver habilidades de autogestão.

Exemplo disso são práticas em que os estudantes consultam a IA para resolver questões, mas depois discutem os conceitos com o professor. “Eu peço que eles vejam o que é uma função com a IA, mas na aula vamos conversar e compartilhar o conhecimento”, explica. A ideia é transformar a IA em tutor que complementa a aprendizagem, sem substituir o raciocínio crítico.

Além da formação docente, a SEEC trabalha na elaboração de diretrizes curriculares que incluem pensamento computacional, mundo digital e cultura digital, incorporando orientações para o uso pedagógico de IA. “Estamos nos preparando para a consulta pública, para que professores e sociedade contribuam com esse documento”, afirma Josenildo.

Rede privada investe em letramento digital

Na rede privada, um exemplo de medidas relacionadas ao uso da IA é o CEI Romualdo Galvão/Roberto Freire, que investe na integração da tecnologia no currículo escolar, com foco na formação de alunos críticos e produtores de tecnologia. “Desde 2018, a escola integra a tecnologia para ser mais precisa, o letramento digital como parte do currículo”, afirma a coordenadora pedagógica Christiane Duarte.

Desde os anos iniciais até o ensino médio, a instituição desenvolveu um currículo próprio de pensamento computacional, baseado em referências internacionais e recentes diretrizes nacionais para que os alunos desenvolvam habilidades para criar, criticar, problematizar e resolver situações com apoio da tecnologia, incluindo a IA. “Todo o nosso trabalho é para que o aluno não seja apenas um consumidor, mas que ele seja produtor e crítico”, explica.

A partir de 2026, o colégio vai implementar um currículo específico de IA, que incluirá pilares como cidadania, resolução de problemas globais e produção de aplicativos. “O processo avaliativo será guiado por rubricas, permitindo acompanhar a evolução individual de cada estudante.

No Colégio CEI Romualdo Galvão e Roberto Freire, a coordenadora pedagógica Christiane Duarte afirma que a escola reconhece o risco da IA comprometer o processo de aprendizagem e, por isso, desenvolve um trabalho mais próximo entre professores e alunos, desde a concepção até a produção textual. Além disso, é usada uma plataforma com suporte de IA que mapeia o texto e indica se tem características de plágio. “Além disso, é a aproximação, a personalização do ensino com atividades desenvolvidas em sala de forma colaborativa, em que o professor foca no processo de aprendizagem e acompanha todos os passos, permite que a gente possa identificar essas situações”, explica.

Foto: Adriano Abreu

Tribuna do Norte

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