Empresas que aderirem ao ‘Bebida Segura’ terão selo de segurança da Fecomércio
A população potiguar poderá, em breve, identificar com mais confiança quais estabelecimentos oferecem bebidas alcoólicas seguras para o consumo. Isso será possível com o selo do programa Bebida Segura, iniciativa da Fecomércio RN em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), voltada à testagem de bebidas destiladas para identificar a presença de metanol — substância altamente tóxica, responsável por mortes e internações em várias regiões do País nas últimas semanas.
Segundo o diretor executivo da Fecomércio, Laumir Barreto, o selo será disponibilizado aos estabelecimentos que aderirem voluntariamente ao programa. “A gente vai dizer que a empresa participou do Programa Bebida Segura”, afirmou ele, em entrevista à rádio Jovem Pan News nesta terça-feira 28. Ele explicou que a adesão tem valor simbólico e prático: reforça a confiança do consumidor, protege os empresários que atuam de forma legal e cria uma cadeia de responsabilidade sanitária desde o distribuidor até o ponto de venda.
O programa foi criado em reação aos episódios recentes de intoxicação por metanol em bebidas como gin, uísque e vodca. Para Laumir, trata-se de uma ação emergencial em defesa da saúde pública. “Essa foi uma provocação, fruto dessa crise da saúde pública”, disse.
Os testes são realizados no Laboratório de Combustíveis e Lubrificantes da UFRN, o mesmo que atua em parceria com a Agência Nacional do Petróleo (ANP) para verificar a composição de combustíveis. “É o mesmo laboratório que faz os testes no combustível”, explicou. A tecnologia utilizada não apenas detecta a presença de metanol, mas identifica o teor e determina se a substância é resultante de um processo natural de produção ou se representa risco à saúde.
A iniciativa não tem caráter obrigatório, mas Laumir destacou que representa uma oportunidade para os estabelecimentos demonstrarem transparência. “Não é que precise, mas eu acho que a empresa também tem o seu papel social”, afirmou. Segundo ele, os testes custam apenas R$ 196,20 — valor subsidiado pela parceria para cobrir materiais utilizados. “Custo pequeno para o que isso pode significar e representar para as empresas que atuam na legalidade.”
O processo é feito por amostragem. Técnicos da Fecomércio recolhem bebidas diretamente nos estabelecimentos, verificam se os lacres estão intactos e encaminham os frascos lacrados à UFRN, identificados apenas por código. O laboratório não tem conhecimento da origem da amostra, garantindo imparcialidade da análise. Depois dos resultados, a Fecomércio comunicará os empresários e divulgará os estabelecimentos que aprovarem nos testes.
Confiança do consumidor em foco
Barreto destacou que o impacto da crise de metanol ultrapassa as fronteiras econômicas e afeta diretamente a percepção de segurança da população. Em alguns estados, a queda no consumo de bebidas destiladas chegou a 50%.
A gente deseja ratificar essa segurança no consumo consciente onde eu tenho segurança de comprar aquilo que é legal, aquilo que tem procedência, que me dá segurança para mim, para minha família, para as pessoas que convivem comigo”, destacou Barreto.
A Fecomércio espera que o selo estimule um círculo virtuoso: o consumidor passa a procurar estabelecimentos com certificação, incentivando os demais a aderirem ao programa. “É uma cadeia positiva de responsabilidade e, acima de tudo, de segurança”, definiu Laumir.
Como participar
Os primeiros a aderirem serão os filiados aos sindicatos do comércio varejista de gêneros alimentícios e das empresas atacadistas, setores que concentram grande parte da comercialização de bebidas destiladas no Estado. As inscrições são feitas pelo site FecomercioRN.com.br, em formulário eletrônico. Após o cadastro, a equipe técnica agenda a coleta das amostras.
“Quando você abre o site, bate o ponto. Lá a empresa vai cadastrar todos os seus dados”, explicou o diretor. Ao final da análise, os estabelecimentos poderão exibir o selo do Programa Bebida Segura em locais visíveis aos clientes.
