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Rio Grande do Norte
01 dez

Mudanças da Reforma Tributária exigem adaptação acelerada de empresas no RN

Mudanças da Reforma Tributária exigem adaptação acelerada de empresas no RN


Com novas regras para IBS, CBS e Imposto Seletivo, empresas potiguares precisam se preparar para um dos maiores processos de transição tributária já realizados no país.

Aprovada no fim de 2023, a Reforma Tributária do Consumo começa, de fato, a ser implementada em todo o país a partir de janeiro de 2026 e promete transformar profundamente o sistema de impostos brasileiro nas próximas décadas. Considerada a maior mudança tributária em mais de 50 anos, a proposta tem como objetivo simplificar a cobrança de tributos e tornar o modelo mais transparente, tanto para a sociedade quanto para o setor produtivo.

Segundo o contador João Henrique Moura, coordenador da Comissão Tributária do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Norte (CRCRN), a reforma representa um avanço significativo, mas também impõe desafios importantes. “A simplificação é positiva, mas exige atenção. As mudanças são estruturais e vão impactar diretamente a forma como as empresas recolhem e gerenciam tributos, e como o cidadão percebe o imposto no dia a dia”, explica.

Atualmente, o Brasil conta com diversos tributos sobre consumo, como ICMS, ISS, PIS e COFINS, que variam conforme o produto e o estado. Esse modelo fragmentado gera burocracia, distorções e a chamada guerra fiscal. Com a reforma, esses impostos serão substituídos por dois novos tributos: o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), compartilhado entre estados e municípios, e o CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), de responsabilidade da União.

Também será criado o Imposto Seletivo (IS), destinado a incidir sobre produtos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. O novo sistema se aproxima do modelo de IVA (Imposto sobre Valor Agregado), já utilizado em mais de 170 países.

Para o consumidor potiguar, João Henrique destaca que a principal mudança será a maior transparência na cobrança de impostos. “O cidadão vai conseguir ver na nota fiscal quanto está pagando de tributo em cada compra, o que aumenta a consciência sobre a carga tributária”, afirma.

A tributação no destino, ou seja, no local onde o bem é consumido, deve alterar preços regionalmente. “Alguns produtos e serviços podem baratear, outros podem ficar mais caros. Tudo dependerá da alíquota efetiva que cada setor receberá após a regulamentação”, explica o coordenador.

O Imposto Seletivo, por sua vez, tende a elevar o valor de itens considerados nocivos, estimulando escolhas mais conscientes. João Henrique alerta, porém, que simplificar não significa necessariamente reduzir: “A carga tributária total pode até aumentar em alguns segmentos. O importante é acompanhar a evolução das alíquotas e entender o impacto real no orçamento.”

Para os empreendedores do Rio Grande do Norte, a reforma representa uma verdadeira revolução operacional. O novo modelo promete reduzir burocracias, ampliar créditos sobre insumos e eliminar distorções interestaduais. No entanto, o período de transição exigirá adaptação rápida, planejamento e investimentos em tecnologia e capacitação.

Entre os efeitos esperados estão a unificação das regras do ICMS, a ampliação do crédito de IBS e CBS e o fim gradual do efeito cascata, promovendo maior equilíbrio na tributação. “Será necessário aprimorar controles contábeis e tecnológicos e revisar estratégias de planejamento tributário”, reforça João Henrique.

O coordenador orienta que tanto consumidores quanto empresas se preparem antecipadamente. “Para as pessoas físicas, o ideal é acompanhar as notas fiscais, evitar endividamento no período de adaptação e priorizar o consumo consciente. Para as empresas, é fundamental revisar processos contábeis, atualizar sistemas de gestão, capacitar equipes e avaliar o regime tributário mais adequado diante das novas regras.”

Para João Henrique Moura, a reforma inaugura um novo ciclo da tributação brasileira. “Ela não resolve todos os problemas, mas é um passo importante rumo à simplificação e à previsibilidade. O grande desafio será transformar a transição em oportunidade, de eficiência para as empresas e de transparência para o cidadão”, conclui.

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