Oposição quer convocar Haddad para explicar crise

Aoposição quer que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vá à Câmara explicar a situação financeira dos Correios. O líder oposicionista, deputado Zucco (PL-RS), protocolou nesta última quarta-feira (15) um requerimento para que Haddad preste esclarecimentos sobre uma possível operação de crédito de R$ 20 bilhões em favor da estatal.
Os pedidos foram feitos depois da revelação que o Conselho de Administração dos Correios avalia um pedido de empréstimos a bancos estatais e privados, com garantia do Tesouro Nacional, para salvar as contas da estatal em 2025 e em 2026.
De acordo com informação publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, o que se discute é um crédito de R$ 10 bilhões para este ano e de R$ 10 bilhões para o próximo.
Segundo o líder da Oposição, a medida pode ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal e precisa ser detalhada ao Congresso. Zucco ainda cita que o caso dos Correios pode ser maior que os descontos ilegais do INSS, que são alvo de uma CPMI.
“O que estamos vendo é um escândalo de proporções abissais. Só para se ter ideia, esse valor equivale a mais de três vezes o rombo do INSS, que já está sendo investigado pela CPMI do Roubo dos Aposentados. O governo Lula cria o problema, destrói o patrimônio público e depois quer usar o dinheiro do contribuinte para encobrir a própria incompetência”, disse Zucco.
Ao pedir a criação de uma subcomissão, o deputado citou o prejuízo de R$ 4,37 bilhões registrado pelos Correios no primeiro semestre de 2025 e alertou para o risco de colapso de caixa a partir de outubro.
De acordo com o requerimento, a subcomissão teria 11 membros titulares, com igual número de suplentes, com poderes para auditar as contas da estatal.
“O Parlamento não pode quedar inerte diante da possibilidade de que recursos públicos sejam utilizados para maquiar o déficit de uma estatal ‘quebrada’ pelo aparelhamento político, em detrimento de áreas produtivas e da sustentabilidade das contas públicas”, justificou Zucco.
Correios vão ao mercado em busca de empréstimo de R$ 20 bilhões
Os Correios anunciaram na quarta-feira (15) que estão negociando com bancos para uma tomada de empréstimo de R$ 20 bilhões para conseguir lidar com a falta de dinheiro em caixa, que vem afetando a empresa desde 2024. A medida será parte da reestruturação financeira da empresa.
O anúncio foi feito pelo presidente Emmanoel Schmidt Rondon, que está no cargo há menos de um mês. Ele informou que o contrato de crédito ainda não foi fechado, e está na fase de negociação.
Em setembro, a empresa anunciou o resultado do primeiro semestre de 2025 e apresentou um prejuízo de R$ 4,3 bilhões. Em 2024, o prejuízo no mesmo período tinha sido de R$ 1,3 bilhão.
Durante o ano de 2024, os Correios utilizaram R$ 2,9 bilhões do dinheiro que estava no caixa e em aplicações financeiras, totalizando 92% do total que estava aplicado em 2023.
Paliativamente, ainda na gestão do ex-presidente Fabiano Souza, a empresa tomou empréstimo de R$ 1,8 bilhão, para aplicar no fluxo de caixa operacional, que estava abaixo das necessidades. Essa escassez de recursos fez com que neste ano os Correios atrasassem repasses e pagamentos aos envolvidos no processo de geração de receita da empresa.
“O que aconteceu de fato aqui, é que a nossa empresa não se adaptou de uma forma ágil a uma nova realidade e essa falta de adaptação fez com que a gente sofresse no resultado, com falta de caixa”, afirmou Rondon.
Com isso, desde o começo de abril, transportadoras que prestam serviço para os Correios estão paralisadas ou trabalhando em um ritmo mais lento – o que resulta em uma demora maior para o envio e entrega de encomendas. No começo do ano, a empresa também atrasou o repasse da comissão das agências conveniadas.
Foto: Kayo Magalhães – Câmara dos Deputados
Tribuna do Norte