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Rio Grande do Norte
18 set

Redes de ensino enxergam impacto positivo após proibição de celulares

Redes de ensino enxergam impacto positivo após proibição de celulares

Escolas do Rio Grande do Norte começam a perceber melhorias no desempenho dos alunos após a adoção das novas regras que proíbem o uso de celulares em sala de aula. A medida segue a lei federal que proíbe o uso de aparelhos eletrônicos portáteis pessoais durante as aulas e nos intervalos, exceto quando para fins pedagógicos.

Antes mesmo da regulamentação nacional, o Governo do RN já havia sancionado uma lei estadual com o mesmo objetivo: restringir o uso dos celulares em sala de aula. A Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e do Lazer (SEEC) informou que os relatos vindos das equipes gestoras da rede estadual têm sido positivos quanto à aplicação da medida: “Professores e gestores apontam maior foco dos estudantes nas atividades pedagógicas e mais engajamento nas rotinas escolares”, disse em nota.


Pela lei, ainda é permitido utilizar o celular como ferramenta pedagógica. No CEEP Lourdinha Guerra, escola técnica da rede estadual de ensino, o celular é muito utilizado como instrumento de apoio, já que os cursos oferecidos são técnicos, voltados à área de informática e computadores. Conforme o diretor da escola Raphael Bender, a instituição adotou uma caixinha para retirar os celulares dos alunos em caso de uso indevido.


De acordo com o gestor, desde a implementação da medida, houve uma melhora significativa na atenção dos alunos, que estão mais participativos e com menos distrações durante as atividades escolares. “É possível ver uma melhora na atenção em sala de aula, melhora na participação dos estudantes”, disse o coordenador.


Para ele, os efeitos do uso excessivo de celulares vão além do momento em que o aparelho está ativo em sala de aula. “O impacto do celular não é somente no momento de uso na sala de aula, mas durante todo o dia dos estudantes. Toda aquela intencionalidade que ele tem de estar olhando o celular, de estar buscando informação”, revelou o educador.


Ele ainda explica que somente essa medida não é suficiente para resolver o problema do vício de atenção causado pelos aparelhos celulares. “Essa medida é fundamental, mas ela é insuficiente. A gente precisa de conscientização, ter essa noção de uma imunidade digital”, disse o diretor, que defende o uso equilibrado dos celulares em todas as áreas da vida.


Nickolly Dhuanne é aluna do curso de informática no CEEP e relata ter diminuído o tempo de uso. Ela explica que era complicado dividir o tempo entre os estudos e o celular na escola. “Acaba que a gente não tem mais tempo para ficar no celular”, disse a aluna da primeira série.
Yana Eliene, também aluna da primeira série de informática, percebeu que se concentra melhor sem o celular. “Sempre quando eu vou estudar, eu evito o celular, porque qualquer coisinha distrai. A notificação de alguma coisa, a gente vai logo abrir outro aplicativo e acaba se distraindo”, explicou.


A SEEC informou que o impacto concreto dessa medida será mensurado ao término do ano letivo, quando haverá consolidação dos indicadores de aprendizagem e convivência escolar.


No Colégio CEI, nunca houve liberação total do uso de telas ou celulares durante o horário escolar. De acordo com a gestão da escola, o controle é feito com bastante rigor, especialmente a partir do Ensino Fundamental II, onde há incidência de tentativas de uso indevido. “Eles entregam na primeira aula e devolvem na última aula. Então, não estar com o celular ao seu lado diminui a ansiedade. Isso é perceptível”, disse a diretora-geral e pedagógica do Colégio CEI, Cristine Rosado.


No Colégio Marista, os educadores também percebem um avanço na qualidade da aprendizagem dos alunos. A orientadora educacional do Ensino Médio, Ana Caroline Ferreira, conta que os alunos têm aprendido melhor. “Os alunos tiveram esse impacto por não poder mais fotografar nem o caderno, nem o quadro. Agora eles têm que escrever tudo no caderno”, disse.


A educadora relata que alguns alunos chegaram ao ensino médio com dificuldade na escrita, ainda apresentando letras ‘caídas’, fruto da falta de prática em escrever no papel.


A equipe escolar do Marista orientou as famílias, bem como os próprios alunos, sobre a não utilização do celular. Ainda assim, alguns estudantes o trazem consigo, mantendo-o guardado na mochila, para utilizá-lo apenas após a saída da escola.


“Melhorou muito a participação deles. Até a interação. Porque antes tinha um silêncio, mas era o silêncio, porque eles ficavam focados no celular. Pensando em outras coisas. Hoje a gente tem salas barulhentas”, compartilha a coordenadora que descreve uma melhora na socialização.

Intervalos com mais socialização

Para a diretora-geral do CEI, o impacto na socialização foi ainda maior que nos estudos. “Os alunos voltam a brincar, voltam a dialogar, eles voltam a conversar. O intervalo é rico de interações sociais”, disse.


No CEI, a coordenação entrega jogos de tabuleiros para os estudantes interagirem. Os alunos jogam futebol e conversam muito. “Eles estão sempre em coletivo e não mais individualizados com a tela no rosto”, disse.


A coordenadora do Marista afirmou que houve uma melhora significativa na socialização entre os alunos: “Na escola, promovemos diversas atividades com o totó, com a sinuca, e os próprios alunos passaram a trazer jogos de cartas e outros tipos de jogos para utilizarem durante o intervalo”, explicou Cristine Rosado.


O CEEP é uma escola em tempo integral e, por isso, o uso do celular não é completamente proibido, mas controlado. Ainda assim, é possível perceber uma diminuição no uso fora das atividades pedagógicas: “A gente olha os intervalos e vê os alunos socializando. Tem um ou outro jogando. Mas, geralmente, jogando em equipe”, revela Raphael Bender.

Foto: Magnus Nascimento

Tribuna do Norte

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