Rio Grande do Norte
16 out

RN deve começar a exportar gado vivo pelo porto ainda em 2025

RN deve começar a exportar gado vivo pelo porto ainda em 2025

O Rio Grande do Norte está perto de se tornar oficialmente um novo corredor de exportação de gado vivo para o Oriente Médio. Nesta quarta-feira (15), durante a programação da Festa do Boi 2025, em Parnamirim, a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Pesca (Sape) promoveu um seminário para apresentar as perspectivas e os avanços necessários para que o estado realize seu primeiro embarque de animais ainda em 2025, através do Porto de Natal, com cerca de 3.500 cabeças.

De acordo com o secretário Guilherme Saldanha, essa é uma oportunidade estratégica para fortalecer o setor pecuário potiguar e abrir novos mercados. “O Rio Grande do Norte importa cerca de R$ 1,3 bilhão em carne por ano e comercializa internamente apenas 20% do que consome. Isso mostra como o mercado ainda é pouco aproveitado pelos nossos produtores”, explicou. Segundo ele, a exportação de gado vivo permitirá ao estado acessar um mercado bilionário.

Atualmente, cerca de 1,8 milhão de cabeças de gado são exportadas anualmente pelo Brasil, principalmente pelo Porto de Barcarena/PA, responsável por 85% desse volume. O RN quer entrar nesse circuito por meio do Porto de Natal, que já está habilitado e possui tarifas portuárias competitivas. “Nós não tínhamos frigoríficos atuando no estado, hoje já temos um em operação e estamos trabalhando para atrair mais. Também não tínhamos uma estação de pré-embarque; agora temos. Não tínhamos porto habilitado; hoje o Porto de Natal está pronto para receber essa operação. O que falta agora é concretizar o primeiro embarque”, destacou Saldanha.

O estado já tem uma Estação de Pré-Embarque (EPE) aprovada pelo Ministério da Agricultura (MAPA) que permitirá a exportação de animais vivos para abate. É um espaço no Distrito de Irrigação do Baixo-Açu (DIBA), em Alto do Rodrigues, destinado à realização da quarentena dos animais antes do envio para outros países. Nesse local, os rebanhos serão submetidos a procedimentos de controle sanitário que comprovam a ausência de doenças nos animais.

Um dos diferenciais logísticos do RN é a proximidade com o Oriente Médio. Enquanto os embarques feitos a partir do Sul e Sudeste do Brasil levam de 15 a 21 dias até países como o Egito, saindo de Natal o tempo de viagem cai para cerca de 11 a 13 dias — o que reduz custos de combustível, alimentação e manejo dos animais.

O primeiro embarque já está em fase de planejamento e será conduzido pelo empresário mossoroense Cláudio Escóssia. “A expectativa é que até o final do ano a gente faça o primeiro embarque. As coisas estão caminhando bem junto ao Ministério da Agricultura, Idema e Porto. São vários órgãos envolvidos, mas tudo está bem alinhado”, disse Escóssia.

A primeira leva deverá contar com cerca de 3.500 cabeças de gado, com possibilidade de expansão nos próximos ciclos. Segundo o empresário, o negócio vai além da exportação: deve incentivar melhorias estruturais e genéticas nos rebanhos locais. “O exportador vai querer um gado selecionado, com padrão. Isso vai fazer com que os criadores invistam mais na genética, na alimentação e no manejo”, ressaltou.

O secretário Guilherme Saldanha reforça que a operação poderá transformar o cenário da pecuária potiguar. “Abrir o mercado externo é gerar novas oportunidades para os produtores, criar empregos e movimentar a economia rural. O Porto de Natal está ocioso e tem condições de assumir esse protagonismo”, afirmou.

Foto: Adriano Abreu

Tribuna do Norte

Potiguar

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