RN registra tendência de alta para síndromes respiratórias

O Rio Grande do Norte está entre os estados brasileiros que apresentam risco de crescimento nas hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), conforme alerta da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado por meio do boletim InfoGripe, com dados referentes à Semana Epidemiológica 17, de 20 a 26 de abril de 2025. O levantamento, que monitora a circulação de vírus como influenza A, vírus sincicial respiratório (VSR) e rinovírus, indica tendência de aumento no longo prazo e classifica o RN em nível de “risco” para a atividade de SRAG. Natal está entre as 18 capitais com nível de alerta, risco ou alto risco para a síndrome, com sinal de crescimento sustentado nas últimas seis semanas.
A Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS), por meio do setor de Vigilância Epidemiológica, informou que, entre a primeira semana epidemiológica e a semana 18 (de 29 de dezembro de 2024 a 3 de maio de 2025) foram registradas 257 notificações de SRAG no município. Segundo o Painel Semanal da SRAG, elaborado pelo Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS Natal) com base nos dados do SIVEP Gripe, cerca de 55% das hospitalizações nas últimas três semanas epidemiológicas foram confirmadas para influenza, concentradas especialmente na semana 17 (20 a 26 de abril). A faixa etária mais atingida inclui idosos acima de 80 anos (44%) e crianças de 0 a 5 anos (28%).
Além do RN, outros 14 estados e o Distrito Federal também registraram risco ou alto risco de internações por SRAG com tendência de alta prolongada. “As hospitalizações por influenza A, que atingem principalmente a população de jovens, adultos e idosos, têm atingindo níveis de incidência moderada a alta nos idosos no Amazonas, Mato Grosso do Sul e Pará”, afirma a pesquisadora Tatiana Portella, do Programa de Processamento Científico da Fiocruz e responsável pelo boletim InfoGripe.
O infectologista Daniel Ângelo, da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), observa o aumento nas internações tanto em crianças quanto em idosos e adultos com comorbidades. “Em crianças, o VSR é o principal agente, seguido do rinovírus. A vacinação é de extrema importância por reduzir drasticamente internações e óbitos relacionados às respectivas doenças virais”, pontua.
Ele orienta que sinais como desconforto respiratório, letargia e febre persistente por mais de 72 horas devem ser considerados alertas. “A partir dos primeiros sintomas, no caso das crianças, é importante consultar um pediatra ou profissional médico de confiança o quanto antes. Também é essencial evitar o contato da criança com outras crianças, idosos, gestantes e pessoas imunocomprometidas, mantendo-a hidratada e em repouso relativo”, recomenda.
De acordo com o boletim da Fiocruz, o VSR foi o agente mais identificado nas quatro semanas anteriores ao levantamento, respondendo por 57% dos casos positivos de SRAG. A influenza A representou 21,8%, seguida por rinovírus (20,3%), Sars-CoV-2 (3,1%) e influenza B (0,9%). Quando analisadas as mortes causadas pela síndrome, a influenza A lidera com 46,4% dos óbitos, à frente do coronavírus (20,4%), VSR (14,7%), rinovírus (12,8%) e influenza B (2,4%).
No Brasil, desde o início do ano epidemiológico de 2025, já foram notificados 45.228 casos de SRAG. Destes, 42,9% (19.420) tiveram confirmação laboratorial para algum vírus respiratório, 41,2% (18.640) testaram negativo, e 9,4% (4.262) aguardam resultado. Entre os casos confirmados, 38,4% foram atribuídos ao VSR, 27,9% ao rinovírus, 20,7% ao Sars-CoV-2, 11,2% à influenza A e 1,6% à influenza B.
Mesmo diante da sazonalidade esperada para vírus respiratórios nesta época do ano, a Fiocruz reforça a manutenção de medidas preventivas, como o uso de máscaras em ambientes fechados e com aglomeração, especialmente em unidades de saúde, e a adesão à vacinação.
Vacinação
O infectologista Daniel Ângelo, da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), destaca que há atualmente duas vacinas disponíveis contra o VSR na rede privada — uma voltada para idosos e imunodeprimidos, e outra destinada a gestantes, com o objetivo de proteger o recém-nascido por até seis meses. “Além disso, temos também a opção de um anticorpo monoclonal (imunização passiva) em processo de aprovação pelo SUS. Para a gripe (influenza) temos as já tradicionais e consolidadas vacinas trivalente (SUS) e quadrivalente (privada).”
Em Natal, a vacina contra a gripe está disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS), de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 15h. Há ainda pontos extras de vacinação nos shoppings Midway Mall e Partage Norte Shopping, funcionando de segunda a sexta, das 13h às 20h, e aos sábados, das 10h às 15h. A Secretaria de Saúde reforça à população a importância da vacinação, sobretudo entre os grupos prioritários, e a adoção de medidas de higiene como lavagem frequente das mãos e etiqueta respiratória — principalmente o uso de máscara diante de sintomas gripais.
Foto: Tony
Tribuna do Norte