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Brasil
08 nov

Mortes associadas ao uso de canetas emagrecedoras acendem alerta sobre automedicação

Mortes associadas ao uso de canetas emagrecedoras acendem alerta sobre automedicação

O empresário Augusto Grimaldi conta que a barriga era bem maior do que está hoje: são 15 quilos a menos em três meses e meio, desde que ele começou a usar as canetas emagrecedoras. “Eu tenho um médico que me acompanha há um tempo, ele é nutrólogo e ortopedista. Ele pediu vários exames — de sangue, de alimentos e genéticos. Depois de analisar os resultados, disse que eu era um candidato a usar e me prescreveu o medicamento”, relata Augusto.

Mas nem todo mundo tem a consciência de buscar acompanhamento profissional. É comum conhecer alguém que usa canetas emagrecedoras por conta própria, ignorando os riscos da automedicação. Isso acontece porque há quem drible a determinação da Anvisa, que exige receita médica para a compra desses medicamentos.

Após receber uma denúncia, a produção da reportagem do SBT trocou mensagens com o funcionário de uma farmácia em São Paulo. Não demorou para que ele oferecesse a caneta, sem pedir a prescrição médica.

O endocrinologista Ramon Marcelino, do Hospital das Clínicas de São Paulo, alerta para o perigo de usar o medicamento sem saber se há doenças pré-existentes.

“Pacientes que têm um tipo específico de câncer de tireoide ou algum transtorno alimentar descompensado, como anorexia nervosa, não devem iniciar tratamento com essas medicações. Outro risco importante é a frustração: se a pessoa não tem orientação sobre alimentação balanceada e atividade física regular, pode não ter os benefícios esperados. E há ainda o risco de eventos adversos, como enjoo e náusea, muitas vezes causados por doses acima das recomendadas”, explica o médico.

Na última segunda-feira, em João Pessoa, Jéssica Manoele, de 31 anos, morreu após usar a caneta emagrecedora sem orientação médica. O médico legista do Núcleo de Medicina e Odontologia Legal Flavio Fabres explicou o quadro:

“Ela teve um efeito colateral da medicação. Fez uso da caneta, teve hipoglicemia, que foi constatada pela equipe do Samu. Nessa condição, o paciente perde a consciência e pode broncoaspirar — ou seja, o alimento vai para as vias respiratórias, causando sufocamento. Foi o que aconteceu com ela”, informou o socorrista.

Até o momento, são pelo menos duas mortes associadas ao uso das canetas emagrecedoras no Brasil. A outra ocorreu em Guarujá, no litoral paulista, envolvendo uma mulher que combinou o uso da caneta com a aplicação de enzimas.

O endocrinologista Ramon Marcelino reforça: “O melhor tratamento precisa ser sustentável, seguro e contar com acompanhamento médico.”

SBT

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