Vendas de veículos sobem 6% no país, mas sofrem retração no RN

O mercado automotivo brasileiro começou 2025 com desempenho positivo. Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), foram comercializadas em janeiro 171,2 mil unidades, na soma de carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, o que representa um crescimento de 6% em relação ao mesmo mês do ano passado. No entanto o mercado potiguar apresentou estabilidade com leve retração de 3%. Em Natal, a queda foi maior e chegou aos 16%.

O presidente regional da Fenabrave no estado, Arnon César Ramos, afirma que a queda não é considerada alarmante. “Foram 1.755 carros em janeiro de 2024 e 1.703 em janeiro de 2025. Então fica em 3%. Agora, tivemos uma queda um pouco maior, de 16% na praça de Natal”, explica.

Na capital, foram vendidas 770 unidades no mês passado, contra 916 no mesmo período de 2024 (-16,9%). Em relação a dezembro, quando as vendas chegaram a 920 veículos, a retração foi de 16,3%. Ramos pontua que os dados podem ser um alerta para o setor no mercado local. “Eu não diria preocupante mas é um alerta que diz assim: o Brasil está tendo uma situação e caso isso se repita por meses, a gente pode dizer: opa, temos um problema”, explica.

Por outro lado, a economia do estado tem características distintas, com menor participação da indústria e maior dependência do turismo e da fruticultura. “Diferentemente de outros estados, onde o agronegócio tem papel central, nossa economia depende muito do turismo, que não impacta o mercado automotivo de maneira tão direta e imediata. Pode ser que a circulação de dinheiro gerado na alta temporada só reflita no setor nos próximos meses”, analisa.

Neste contexto, as concessionárias buscam investir na oferta para atrair os clientes. O gerente da concessionária Nacional Veículos, em Natal, Erick Guilherme, também avalia que o cenário se manteve estável. Segundo ele, além da oferta de veículos, um dos fatores que influenciam as vendas é o aumento de condições mais favoráveis para o consumidor. “As montadoras disponibilizaram mais unidades no mercado e trouxeram condições mais atrativas, como descontos para compras à vista e financiamentos com taxas reduzidas”, explica.

Outro fator destacado por Guilherme é a busca dos consumidores por benefícios adicionais, como garantias estendidas e revisões inclusas. “Hoje, as pessoas querem mais segurança na compra. Algumas montadoras, como a Volkswagen, oferecem até cinco anos de garantia e pacotes de manutenção gratuitos, o que se torna um diferencial importante na decisão de compra”, ressalta.

O gerente também menciona a importância da previsibilidade financeira para os consumidores potiguares que têm um perfil já conhecido. “Aqui temos muitos funcionários públicos, e o atraso no pagamento do décimo terceiro, por exemplo, pode ter influenciado as decisões de compra. Muita gente esperou receber para quitar dívidas antes de pensar em trocar de carro”, analisa.

Expectativas

Para os executivos do setor automotivo, os números de janeiro não representam, necessariamente, uma tendência para o ano todo. Arnon César, que também dirige o Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Rio Grande do Norte (Sincodiv/RN), reforça que a queda nas vendas em Natal pode estar relacionada a fatores sazonais, como o período de veraneio. “Janeiro sempre é um mês atípico aqui. Muitas pessoas priorizam gastos com lazer e só depois consideram adquirir um veículo novo. O setor precisa observar os próximos meses para entender se essa retração será pontual ou se pode indicar uma desaceleração mais duradoura”, conclui.

Já Erick Guilherme se mostra otimista e acredita numa melhora do cenário econômico local que impulsione as vendas ao longo do ano. “Temos que observar a movimentação do mercado, mas acreditamos que a estabilidade e os benefícios ofertados ao consumidor podem trazer bons resultados para 2025”, finaliza.

Vendas de ônibus e caminhões subiram no País

Entre os segmentos que impulsionaram o crescimento da venda de veículos nacionalmente, os ônibus se destacam, influenciados pelo Programa Caminho da Escola e pelo fortalecimento do transporte urbano e do turismo. “As empresas de transporte de passageiros têm demonstrado recuperação, e o programa governamental segue impactando positivamente as vendas”, explica o presidente nacional da Fenabrave, Arcelio Junior.

Os caminhões também apresentaram bom desempenho, impulsionados pelos pedidos realizados após a FENATRAN, feira do setor ocorrida em novembro de 2024. O agronegócio, um dos motores da economia brasileira, segue fortalecendo a demanda por veículos de carga. “Esse segmento depende de fatores macroeconômicos e do desempenho da indústria e do agro. Vamos acompanhar os próximos meses para entender melhor a tendência”, pontua o presidente da Fenabrave.

Os segmentos de automóveis e comerciais leves tiveram evolução positiva sobre o mesmo período de 2024, mas no setor de veículos eletrificados, os números foram divergentes. Os automóveis e comerciais leves 100% elétricos registraram 3.700 unidades emplacadas, uma queda superior a 15% na comparação com janeiro de 2024. Por outro lado, os híbridos e híbridos plug-in cresceram 67%, com 12.802 unidades licenciadas no mês. “Os híbridos têm se consolidado como uma alternativa viável para consumidores que buscam eficiência energética sem depender exclusivamente da infraestrutura de recarga elétrica”, observa Arcelio Junior.

Tribuna do Norte

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