Bacia potiguar registra aumento na produção de leite em 2024

Tecnologia na ordenha mecânica é uma das inovações que têm provocado o aumento da produtividade na bacia leiteira potiguar | Foto: Alex Régis

A bacia leiteira do Rio Grande do Norte registrou um aumento na produção de leite em 2024, chegando a fazer uma média de 500 mil litros por dia, ante os 450 mil registrados na média de 2023. O crescimento é de 11%. Comparando com 2022, quando o número era de 420 mil litros/dia, o crescimento chega a 19%. Os dados são do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do RN (SindLeite-RN), que espera crescer a produção em pelo menos 10% no ano de 2025.
Segundo o presidente da entidade, Túlio Veras, o aumento da produção leiteira é fruto de uma série de parcerias e avanços da cadeia do laticínio no Estado. Na semana passada, o SindLeite promoveu a primeira reunião entre os associados tendo como um dos primeiros pontos discutidos a ampliação da parceria com o projeto Leite e Genética, do Sebrae, que envolve consultorias com foco no melhoramento genético dos rebanhos bovinos de leite e corte.

“Esse aumento é que, com o sofrimento dos ciclos da seca, tenho frisado muito isso, os produtores mudaram muito a mente de que precisam se organizar melhor para conviver com essa seca, que nos ensinou muito a estruturar as nossas bases, seja com palma forrageira, capins perenes mais produtivos, tecnologia na ordenha mecânica. A inseminação artificial tem ajudado muito. Temos uma excelente parceria com o Sebrae através do Leite & Genética. Na minha região inseminamos 500 animais ano passado, por exemplo. E isso estamos levando para as demais regiões”, exemplifica Tulio Veras.

Apesar do crescimento, o presidente do SindLeite cita que o RN ainda está atrás se comparado a outros estados do Nordeste. Para superar os gargalos, o setor aposta em melhoramento genético, investimento em tecnologia e parcerias para ampliar os números.

De acordo com Edilson Trindade, empresário do setor e diretor-presidente da Clan, as expectativas para este ano são de melhorias. “Através do Sindicato, estamos buscando alternativas fora do Estado, como uma consultoria que possa trazer técnicas mais modernas e eficientes para termos um desenvolvimento maior na bacia leiteira. As empresas vêm crescendo e existe uma necessidade grande de melhorarmos a captação e produção de leite no RN”, aponta Trindade.

Ainda de acordo com Túlio Veras, o sindicato tem buscado fazer um levantamento da pecuária potiguar para entender o tamanho da cadeia, que envolve ainda a produção de derivados do leite, como queijos, iogurte, entre outros.

“O SindLeite tem buscado um diagnóstico da pecuária do leite do RN para entender o porquê que ela tem crescido e a forma desse crescimento. Temos somado esforços com a Fiern através do Mais RN, que tem muita informação e estamos nos debruçando, enxergando que precisamos buscar o leite competitivo. Há quatro pilares primordiais: o melhoramento genético, a sanidade – principalmente porque temos queijos fabricados de leite cru, então precisamos de animais saudáveis que não transmitam doenças; a nutrição é um ponto fundamental, porque com fome o animal não produz, e aí vêm os sistemas adequados de produção de leite, que englobam gestão, conhecimento, treinamento, aperfeiçoamento e inovação”, acrescenta Túlio.

“O que falta é acompanharmos as inovações no setor leiteiro. Para se ter ideia, hoje já existem robôs que estão sendo instalados na bacia em Sergipe. Já existem Compost Barn, que é um sistema de confinamento de animais com alta produção em pouco espaço. E isso temos ido buscar, conhecer, mas é uma mudança de cultura”, sinaliza Veras, apontando para a necessidade de investimentos no segmento para se ampliar os números.

Faern ajuda a aumentar produção no interior

Com o intuito de expandir a bacia leiteira potiguar e capacitar produtores e criadores no RN, a Federação da Agricultura e Pecuária do RN (Faern), junto ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) tem investido num projeto intitulado Assistência Técnica e Gerencial (ATEG). Numa das ações mais recentes, cerca de 90 produtores de leite foram beneficiados, aumentando suas rendas em cerca de 40%.

Segundo o presidente da entidade, José Vieira, os produtores recebem toda uma assistência técnica do Senar-RN, tendo acesso a conhecimento de manejo sanitário, sanidade, alimentação, gestão e genética. Isso aumenta a qualidade do leite e, consequentemente, as vendas. Uma dessas ações recentes aconteceu na região do Mato Grande.

“No Mato Grande, temos uma turma de assistência técnica pecuária de leite. O que fazemos é acompanhar o produtor de leite dentro da metodologia do Senar, em que temos metas e objetivos com aquele produtor, trabalhando a genética, manejo e melhorando a produtividade para que esse produtor melhore sua renda. E isso tem surtido um efeito muito positivo para os produtores assistidos”, explica José Vieira, acrescentando que cada turma tem assistência por dois anos.

De acordo com a Faern, cidades como Poço Branco, João Câmara e Bento Fernandes foram beneficiadas com tanques de resfriamento em parceria com a Clan. Em João Câmara, a produção é de 1.800 litros de leite a cada 3 dias, e em Bento Fernandes, 4.800 litros no último mês, por exemplo. A cidade de Jardim de Angicos deverá ser beneficiada nos próximos meses.

“Tivemos essa parceria com a Clan, porque precisamos de uma usina para comprar o leite. Não adianta o produtor simplesmente aumentar sua produtividade e não ter para quem vender”, aponta Vieira.

O presidente do SindLeite, Túlio Veras, aponta que a ação é um dos alvos da cadeia leiteira potiguar, que é de “levar conhecimento ao homem do campo”. “Eles têm feito uma assistência técnica em todo o Estado e estamos tentando ampliar para que, quando tiver mais chuva, que o produtor saiba aproveitar; quando tiver menos, que ele saiba conviver. Essa parceria é importantíssima”, finaliza Veras.

Tribuna do Norte

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