Com preços em alta, sardinha vira o bacalhau da Páscoa

Foto: Mohamed Madi/BBC Brasil

Só quem estiver disposto a gastar mais terá um almoço de Páscoa com direito a bacalhoada e ovo de chocolate. É o que sinaliza o Índice de Preços da APAS, a associação paulista dos supermercados. A inflação das compras medida na boca dos caixas registrou uma alta de 5,8% acumulada em 12 meses até fevereiro, em decorrência da alta de preços de 14 dos 19 produtos que compõem a cesta.

O bacalhau, tradicional pescado do almoço de Páscoa, registrou alta de 0,5% em fevereiro. Apesar de uma leve alta, o preço continua elevado, afastando-o das mesas nesse feriado. Segundo o índice da APAS, a sardinha foi o único peixe que registrou queda (4,9%). Todos os demais subiram, como a merluza, a corvina e o cação.

Os demais itens que sofreram queda foram a batata e a cebola –59,6% e 50,5%, respectivamente. Ambos são ingredientes da bacalhoada.

Os dois outros artigos com queda de preço foram o milho em conserva (4,1%) e as frutas da época (9,2%).

O chocolate voltou a sofrer reajuste. Essa alta foi de 15,5%, após uma queda de 1,6% no acumulado até janeiro. Nem os bombons escaparam, com alta de 11,5%.

Mesmo assim, a APAS projeta um crescimento de 4,2% nas vendas em relação ao ano passado.

” Estamos otimistas com a Páscoa, um cenário de preços em desaceleração nesse primeiro trimestre e um feriado mais longo incentiva mais encontros entre família e amigos”, disse Erlon Ortega, Presidente da associação.

Para Felipe Queiroz, economista-chefe da APAS, o crescimento será impulsionado principalmente pelo crescimento da renda.

“A taxa de desemprego, em níveis historicamente baixos, e o maior número de pessoas empregadas desde 2012 são fatores positivos”, disse.

No entanto, ele avalia que a alta taxa de juros pode atuar como um limitador, moderando o ritmo das vendas.

“Com o aumento da renda real, o bacalhau se apresenta como uma alternativa. Além disso, itens essenciais para os pratos salgados, como cebola e batata, apresentaram uma queda superior a 50% no mesmo período”, disse Queiroz.

Por outro lado, o azeite de oliva, embora tenha registrado uma alta de 9,25% nos últimos 12 meses, está em trajetória de desaceleração desde abril de 2024.

A recente redução de tributos de importação sobre itens da cesta básica promete impactar positivamente o preço do azeite nos próximos meses.

Entre os itens que terão aumento expressivo de preços, destacam-se a azeitona e o chocolate. Nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro de 2025. Nos últimos 12 meses até fevereiro de 2025, o preço das azeitonas subiu mais de 25%, enquanto o chocolate teve um aumento de 15,5%. Além disso, as bebidas alcoólicas, como o vinho, acumularam uma alta de 9,52% no mesmo período, superando a inflação geral.

Folha de SP

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