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Política
06 dez

De deputado estadual a presidenciável: o caminho de Flávio até o centro da disputa de 2026

De deputado estadual a presidenciável: o caminho de Flávio até o centro da disputa de 2026

Hoje senador, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) cresceu acompanhado de perto pela política nacional. Apesar da influência do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, a entrada formal na vida pública aconteceu por méritos próprios, ainda muito jovem: em 2002, aos 21 anos, Flávio foi eleito deputado estadual no Rio de Janeiro, tornando-se o mais jovem parlamentar da legislatura iniciada em 2003.

Assim começava uma carreira que, ao longo de duas décadas, se consolidaria no campo conservador, com forte enfoque em segurança pública e reformas de caráter institucional.

A ascensão política do senador culminou, nessa última sexta-feira (5), na escolha direta do pai para representá-lo na disputa presidencial de 2026 — um gesto que simboliza não só a confiança pessoal de Jair Bolsonaro no filho, mas também a tentativa de manter o comando do bolsonarismo dentro da família.

Primeiros passos e formação

Antes da política, o senador construiu uma trajetória acadêmica e profissional marcada por áreas técnicas e jurídicas.

Formou-se técnico em eletrônica pela Escola Rezende Rammel e bacharel em direito pela Universidade Cândido Mendes. Mais tarde, concluiu pós-graduação em ciência política pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Entre estágios no IME (Instituto Militar de Engenharia) e na Defensoria Pública do Rio de Janeiro, atuando no Núcleo do Sistema Penitenciário, Flávio teve contato com debates sobre segurança e sistema carcerário que, anos depois, apareceriam como eixos centrais de sua atuação parlamentar.

Atuação na Alerj e construção de identidade política

Durante quatro mandatos consecutivos na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), Flávio Bolsonaro ocupou cargos estratégicos em comissões de Segurança Pública, Defesa Civil, Legislação Constitucional e Direitos Humanos.

Sua trajetória foi marcada pela defesa de endurecimento penal e pela crítica a políticas assistencialistas que, segundo ele, criariam dependência e dificultariam a autonomia das populações mais vulneráveis.

Entre as ações de maior destaque nesse período está a criação da Comissão Especial de Planejamento Familiar, iniciativa que Flávio relacionava à redução do ciclo da pobreza e ao fortalecimento da liberdade individual.

Também se posicionou contra o sistema de cotas raciais em universidades, alegando que o modelo produziria “injustiças” e falhas estruturais.

No campo ideológico, adotou postura alinhada a bandeiras históricas do conservadorismo, como a defesa da ditadura militar, apoio à redução da maioridade penal e defesa da pena de morte.

Eleição municipal de 2016 e o episódio no debate

Em 2016, Flávio disputou a Prefeitura do Rio de Janeiro pelo PSC. Na convenção realizada no Bangu Atlético Clube, apresentou-se como “candidato de protesto” e defensor de um rompimento com a “velha política”.

Terminou o pleito em 4º lugar, com mais de 424 mil votos, mas conseguiu contribuir para manter a família Bolsonaro em destaque na capital, elegendo seu irmão Carlos como o vereador mais votado daquele ano.

Durante o primeiro debate televisionado, participou de um episódio que repercutiu amplamente: sentiu-se mal ao vivo, deixou o palco e recusou atendimento médico, inclusive o oferecido pela deputada Jandira Feghali. O episódio reforçou tanto a exposição midiática quanto o caráter controverso que marca sua presença pública.

Episódios de segurança e confrontos armados

Em abril de 2016, Flávio e seu segurança trocaram tiros com assaltantes na zona oeste do Rio. Um dos criminosos foi baleado e fugiu.

O caso ajudou a fortalecer o discurso do então deputado sobre violência urbana e atuação policial, temas que já estavam no centro de sua agenda legislativa.

Ascensão ao Senado e expansão nacional

A projeção nacional de Flávio Bolsonaro aumentou significativamente nas eleições de 2018, quando foi eleito senador pelo Rio de Janeiro com mais de 4,3 milhões de votos.

Seu mandato teve início em um contexto singular: Jair Bolsonaro assumia a Presidência da República, e o parlamentar passava a integrar uma estrutura de poder inédita para a família.

No Senado, Flávio assumiu a Terceira Secretaria da Mesa Diretora e ampliou sua interface com políticas de defesa, segurança e temas ligados ao Executivo federal. Em 2019, recebeu a medalha da Ordem do Mérito Naval, entregue pelo pai, então presidente.

Posições controversas e embates ideológicos

Ao longo dos anos, Flávio tem protagonizado debates acalorados sobre direitos humanos, políticas penais e interpretações do período militar brasileiro.

Assim como outros membros da família, critica o que chama de “exploração midiática” dos direitos humanos em defesa de criminosos, posicionamento que o mantém em confronto direto com organizações civis e setores progressistas.

Suas declarações sobre o regime militar que, segundo ele, teria representado “transição” e garantido “segurança e respeito”, tornaram-se parte do repertório de críticas e apoiadores, reforçando sua imagem de porta-voz da memória conservadora brasileira.

A pré-candidatura à Presidência em 2026

Nesta semana, Flávio Bolsonaro anunciou sua pré-candidatura à Presidência da República. Disse ter recebido a indicação pessoalmente do pai, ao visitá-lo na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde o ex-presidente está preso.

O gesto reorganizou o xadrez político da direita: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), uma das principais nomes cotados por Bolsonaro para a disputa nacional, agora deve focar a reeleição ao Governo de São Paulo.

Em comunicado público, Flávio afirmou assumir a missão de “dar continuidade ao nosso projeto de nação”, expressão que reforça sua tentativa de herdar e reinterpretar o legado do bolsonarismo no pós-governo do pai.

R7

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