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Rio Grande do Norte
17 set

Ecossistemas interiorizam o acesso à inovação no Rio Grande do Norte

Ecossistemas interiorizam o acesso à inovação no Rio Grande do Norte

Antes restrita a grandes centros e às capitais dos estados, a inovação deixou de ser uma promessa para o interior do Rio Grande do Norte. A interiorização já é uma realidade. Seja por meio de uma rede de instituições de ensino, ecossistemas de inovação e legislações específicas nos municípios, o estado tem vivenciado o desenvolvimento de tecnologias e abertura de startups em todas as regiões do RN. Em Currais Novos, o SeriHub é o mais novo hub de inovação em saúde do estado fruto de um convênio entre o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RN) e a Liga Contra o Câncer.

Segundo dados do Sebrae, o estado conta atualmente com 10 ecossistemas de inovação em cidades como Assu, Caicó, Currais Novos, Macaíba, Mossoró, Natal, Nova Cruz, Santa Cruz e Pau dos Ferros. Há ainda dois ecossistemas com capilaridade em todo o estado: o do Agro e o da Construção Civil, este último ainda em viabilização por parte do Sebrae.

Segundo David Góis, gerente de Negócios e Inovação do Sebrae-RN, várias cidades do Rio Grande do Norte já criaram e regulamentaram legislações específicas para a inovação, com o intuito de incentivar e atrair empresas a abrir negócios, gerar empregos e fomentar a economia destes municípios. Numa dessas leis, por exemplo, em Currais Novos, há tributação diferenciada, possibilidade de apoio para convênios, parcerias para desenvolvimento de soluções para secretarias, entre outras situações.

“Os ELIs, Ecossistemas Locais de Inovação, vêm amadurecendo em diferentes velocidades de acordo com o nível de engajamento das governanças de cada ecossistema. Os ELIs estão se tornando cada vez mais importantes para o desenvolvimento das regiões, criando estratégias de relacionamento, tendo também como pontos de avanço as criações das leis municipais de inovação, que permite uma série de novas ações de desenvolvimento daquela região que até pouco tempo não enxergava a inovação como estratégia de desenvolvimento econômico”, explica o gerente de Negócios e Inovação do Sebrae-RN, David Góis.

O gerente do Sebrae conta ainda que após a instalação dos hubs de inovação nas cidades, é perceptível a participação de startups e o surgimento de ideias em participação de editais de incentivo. “Enxergamos o crescimento do número de projetos inovadores submetidos em editais trabalhados no estado como Startup Nordeste, parcerias com Fapern, participações de startups em missões empresariais, rodadas de investimentos e negócios. É uma das possibilidades de crescimento e geração de empregos no interior do estado”, cita.

SeriHub: soluções para a saúde

Viabilizado e já com atividades em andamento, o SeriHub, em Currais Novos, terá seu convênio assinado entre Liga e Sebrae no próximo dia 30 de setembro e terá capacidade inicial para abarcar 10 startups, que juntas, desenvolverão soluções em saúde para o estado. As startups têm suporte de salas, equipamentos e estrutura.

A situação se intensificou após a chegada do Centro de Diagnóstico e Ensino do Seridó (CDES) na cidade, mas a ideia surgiu em 2019, quando a Liga intensificou seu projeto interno para amplificar ações de inovação. Em Currais Novos, Francisco Irochima, diretor do Escritório de Inovação da Liga Contra o Câncer, conta que os analistas viram um ecossistema maduro e em estágio avançado.

“Quando a Liga vai para Currais Novos, tivemos a ideia junto com Sebrae para criarmos uma incubadora de empresas in loco na cidade em que o Sebrae dê o suporte de empreendedorismo e gestão do negócio e a Liga, tendo o escritório de inovação a frente, dando o suporte de como fazer uma startup na área da saúde, como é a legislação, o que o mercado exige e juntamos as forças da Liga e do Sebrae e criamos o SeriHub”, explica o Francisco Irochima, diretor do Escritório de Inovação da Liga Contra o Câncer.

Atualmente, quatro empresas já desenvolvem soluções e negócios em fase de pré-incubação, isto é, um estágio de validação das ideias para saber a aplicabilidade delas. “Nossas startups já saíram do campo da ideia, já tem protótipos instituídos e estão validando isso com grupos de clientes e estão um pouco mais maduras, mas ainda não no perfil do que a Liga já trabalha, que são startups que faturam, que têm clientes. É um processo novo para Liga e Sebrae”, explica Edinete Nascimento, analista técnica do Sebrae em Currais Novos. A ideia, explica Irochima, é que o SeriHub funcione como uma “parabólica” com o intuito de fazer com que o mercado olhe para o interior do RN.

Uma dessas startups é a HealApp, que tem como objetivo facilitar o acesso à saúde por meio de gerenciamento de filas e otimização do tempo de espera para pacientes em clínicas e hospitais. A ideia está em fase de validação de resultados junto a uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de Currais Novos para poder ir ao mercado em busca de clientes. A expectativa é colocar a aplicação no mercado até o começo de 2026.

Gabriel Lima, CEO da HealApp, e o desenvolvedor Pedro Fernandes | Foto: Alex Régis

“A HealApp é um sistema gestão de clínicas. Nosso diferencial está na parte de gestão de atendimento, em que priorizamos principalmente a otimização de tempo em salas de espera e no consultório. Por exemplo: numa consulta, marcada às 9h, muitas clínicas ainda têm um problema que é atender por ordem de chegada. Isso acaba dando um prejuízo de tempo e estamos querendo acabar com isso para otimizar o tempo do paciente em si”, explica o CEO Gabriel Lima. “Acreditamos que esse problema do paciente perder tempo em fila de espera seria resolvido se ele tivesse no celular dele a posição dele na fila”, acrescenta o desenvolvedor Pedro Fernandes.

Startups locais escalam e ganham destaque nacional

O estudo “Mapeamento das Startups da Região Nordeste” aponta que o Estado possui, atualmente, 605 empresas registradas, sendo 81,72% delas microempresas. Segundo o levantamento, no Nordeste, entre 2000 e 2015, foram abertas apenas 35 startups na região. A partir de 2016, o cenário se transformou, com crescimento expressivo no número de novos negócios, chegando a 1.259 startups abertas apenas em 2024.

Entre as mais de seis centenas de startups, algumas já escalam nacionalmente. Um exemplo é a Faceponto, startup que nasceu em 2018 como uma ferramenta pontual, evoluiu para uma plataforma robusta e, atualmente, é utilizada por mais de 2.500 empresas brasileiras, impactando mais de 100 mil colaboradores em todo o país.

“Percebi o quanto a má gestão de ponto gerava prejuízos financeiros, desgaste nas relações de trabalho e passivos jurídicos desnecessários. A partir dessa dor real, surgiu a ideia de criar uma solução tecnológica que combinasse segurança jurídica, automação e inteligência artificial”, explica o advogado trabalhista Cássio Leandro. Ele idealizou a startup a partir de sua experiência no Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Inovação (PpgCTI) da UFRN.

“O mercado recebeu a Faceponto com entusiasmo e senso de urgência. Em setores como bares, restaurantes, construção civil, indústrias e serviços terceirizados, nossa solução chegou como uma resposta direta a problemas crônicos — controle manual de ponto, excesso de horas extras, fraudes e processos trabalhistas”, comenta o CEO da Faceponto.

Ele explica que a Faceponto já ajudou empresas a economizarem mais de R$ 20 milhões em processos trabalhistas evitados, além de reduzir em até 40% o tempo gasto com rotinas manuais de RH e eliminar o uso de papel em processos internos. “Através de apoios de instituições como o IMD, Sebrae e UFRN conseguimos evoluir nosso produto com agilidade, validar o modelo de negócio e expandir nossa atuação para além do Rio Grande do Norte”, avalia.

Outra startup que ganhou espaço fora do estado foi a Blindog, hoje, única solução no mundo, patenteada, que realmente reduz as colisões de cães cegos usando tecnologia. Sete anos após a venda da primeira coleira com dispositivo que auxilia a mobilidade de cães cegos, a startup já está presente em todos os estados do Brasil e em mais de 15 países, com mais de 8 mil clientes e um índice altíssimo de adaptação.

“Queremos melhorar ainda mais o produto atual, trazendo versões com bateria de maior duração, sensores mais modernos e ainda mais conforto para o animal.

Nosso objetivo é lançar novas tecnologias voltadas para a saúde animal, abrangendo outras condições além da cegueira e até outros pets, como gatos e cavalos. Queremos ampliar o impacto e levar inovação para cada vez mais tutores”, revela Luana Wandecy, CEO da Blindog.

Panorama de negócios inovadores

Mapeamento das startups do Nordeste e principais segmentos no RN

Foto: Alex

Tribuna do Norte

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