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10 jul

Em apoio a Bolsonaro, Trump aplica tarifa de 50% sobre produtos do Brasil

Em apoio a Bolsonaro, Trump aplica tarifa de 50% sobre produtos do Brasil

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira tarifas de 50% sobre produtos importados do Brasil, com início a partir de 1º de agosto. É a alíquota mais alta divulgada a partir de cartas enviadas pelo republicano aos países desde o início desta semana.

Horas antes, ele havia dito que o Brasil não tem sido bom para os EUA e que deveria anunciar novas tarifas sobre produtos brasileiros até quinta-feira 10.

A decisão foi justificada principalmente como resposta ao tratamento dado pelo Brasil ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) contra empresas americanas de tecnologia. “O modo como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado no mundo, é uma desgraça internacional”, disse Trump. “Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!”, escreveu.

Segundo o presidente americano, a medida também responde aos “ataques insidiosos às eleições livres” e às “ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS” que, segundo ele, vêm sendo emitidas pelo STF contra redes sociais dos EUA, sob ameaça de “multas de milhões de dólares e expulsão do mercado brasileiro”.

Trump declarou ainda que o comércio bilateral tem sido “há muito tempo injusto” e que os EUA precisam se afastar de uma estrutura baseada em “barreiras tarifárias e não tarifárias” impostas pelo Brasil. “Nossa relação tem estado longe de ser recíproca”, afirmou. Ele advertiu que, caso o governo brasileiro responda com aumento de tarifas, qualquer porcentual adicional será somado à alíquota de 50%.

O presidente também anunciou a abertura de uma investigação formal contra o Brasil. “Devido aos contínuos ataques do Brasil às atividades de comércio digital de empresas americanas, bem como outras práticas comerciais desleais, estou instruindo o representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR), Jamieson Greer, a iniciar imediatamente uma investigação sob a Seção 301”, escreveu.

A Seção 301, da Lei de Comércio de 1974, permite aos EUA reagirem a práticas estrangeiras consideradas desleais ou discriminatórias que afetem seu comércio.

A tarifa de 50% será aplicada “a qualquer e todo produto brasileiro enviado aos Estados Unidos”, independentemente de outras taxas setoriais em vigor. Mercadorias redirecionadas por terceiros para escapar da cobrança também serão taxadas. Trump acrescentou que empresas brasileiras podem evitar a medida se passarem a produzir dentro do território americano.

Líder da oposição no Senado, o potiguar Rogério Marinho (PL) culpou o governo brasileiro pela decisão de Trump, citando ações e falas da gestão de Lula. “Agora nos igualamos de vez aos regimes autoritários como Irã, Venezuela e Cuba, sofrendo sanções da maior democracia do mundo. Lula e o PT são indefensáveis. Um custo cada vez maior e insuportável para o Brasil”, afirmou Rogério.

Outros aliados de Bolsonaro enalteceram a medida de Trump. O deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP) escreveu numa rede social: “Obrigado pelo apoio @realDonaldTrump nosso grande presidente @jairbolsonaro está sofrendo uma perseguição real por um regime comunista”.

Presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara, Filipe Barros (PL-PR) afirmou que “todos os que perseguiram a direita e todos os que se omitiram diante disso são culpados pela atual situação”. Júlia Zanatta (PL-SC) afirmou que “O PT é uma arma de destruição em massa. Com Lula o imposto aumentou interna e externamente”. Para Eduardo Pazuello (PL-RJ), o “atual presidente jogou o país no precipício. E quem pagará essa conta é o povo brasileiro”.

Lula fala em usar lei da reciprocidade

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu à noite ao novo anúncio de tarifas de 50% sobre produtos exportados pelo Brasil aos Estados Unidos. Ele afirmou que a resposta do País virá por meio da lei de reciprocidade econômica, aprovada pelo Congresso neste ano.

Lula usou as redes sociais para emitir uma mensagem que já havia adotado dias antes: “O Brasil é soberano e não aceita ser tutelado”.

Integrantes do governo brasileiro disseram que o pelo presidente Donald Trump revela uma “politização” das tarifas comerciais, “sem apego a qualquer norma”.

O governo Lula quis dar uma resposta coordenada. Minutos após o anúncio de Trump nas redes, Lula convocou ministros a seu gabinete na Presidência da República. Eles deixaram o Palácio do Planalto sem falar com jornalistas.

Entre as primeiras avaliações, diplomatas notaram que a carta de Trump a Lula, publicada na rede social Truth Social, contém trechos inteiros que pareciam copiados e colados das enviadas a outros países. Isso porque a ela fala em déficit comercial dos EUA, o que historicamente não ocorre na balança com o Brasil.

Formalmente, o governo afirma que não esperava nenhuma tarifa adicional, enquando negociadores do Itamaraty e do Mdic mantinham reuniões técnicas com as contrapartes americanas. A última ocorreu na sexta-feira, dia 4, em formato virtual.

Integrantes do governo diziam que Trump deixou de lado toda a negociação técnica e adotou um viés “absolutamente político”. A intenção do governo Lula era continuar a negociar tecnicamente “enquanto estiverem dadas as condições”.

Tarifa vai gerar ‘impactos severos’ sobre empregos, afirma entidade

A nova tarifa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump aos produtos brasileiros poderá causar danos graves à economia, disse a Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham).

“A Amcham Brasil manifesta profunda preocupação com a decisão anunciada pelo governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras. Trata-se de uma medida com potencial para causar impactos severos sobre empregos, produção, investimentos e cadeias produtivas integradas entre os dois países”, afirma a entidade, em nota.

A instituição tem participado das negociações entre os dois países para tentar reverter as tarifas contra o Brasil, que estão sendo aumentadas desde o começo do ano. Em abril, o Brasil passou a pagar uma taxa extra de 10%, além de tarifas sobre produtos determinados, como aço e alumínio, taxados em 50% desde junho.

“A Amcham Brasil conclama os governos a retomarem, com urgência, um diálogo construtivo. Reiteramos a importância de uma solução negociada, fundamentada na racionalidade, previsibilidade e estabilidade, que preserve os vínculos econômicos e promova uma prosperidade compartilhada”, diz o comunicado.

Na nota, a entidade destaca ainda que o comércio bilateral foi superavitário para os Estados Unidos ao longo dos últimos 15 anos — com saldo de US$ 29,2 bilhões em 2024, segundo dados oficiais norte-americanos.

Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil. Em 2024, o país vendeu cerca de US$ 40 bilhões em produtos aos Estados Unidos. Ao considerar todos os países, o Brasil exportou US$ 337 bilhões em mercadorias, de modo que os EUA representam cerca de 12% do total das vendas brasileiras.

Os itens mais vendidos aos EUA foram óleos brutos de petróleo, produtos semi-acabados de ferro ou aço, aeronaves e suas partes, café não torrado, ferro-gusa e ferro-ligas, óleos combustíveis de petróleo, celulose, equipamentos de engenharia civil, sucos de frutas ou de vegetais e carne bovina.

Foto: RS Fotos Publicas

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