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Seridó
08 jul

Em meio à seca, 67 municípios do RN recebem Operação Carro-Pipa

Em meio à seca, 67 municípios do RN recebem Operação Carro-Pipa

Prestes a enfrentar mais um período de seca, o Rio Grande do Norte ainda precisa conviver com a utilização de carros-pipa para o abastecimento de 67 municípios, onde vivem 79 mil potiguares. Os dados são da Defesa Civil do Estado. A necessidade de carros-pipa persiste mesmo com o anúncio de projetos para diminuir os efeitos da seca durante os últimos anos. No Estado, os reservatórios de água operam atualmente com 48% da capacidade total, segundo o Instituto de Gestão das Águas (Igarn).

Uma perspectiva de melhoria para a situação de alguns municípios do Estado é a possibilidade de utilização das águas da transposição do Rio São Francisco, a partir do mês de agosto. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente, serão destinados ao Estado três metros cúbicos de água por segundo. Este volume será repassado sem custos ao Estado, por um período de três anos. O RN tem direito a 300 milhões de metros cúbicos de água.


Segundo dados da Semarh e da Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern), entre 2019 e 2025 os projetos de adutoras — que levam água de uma região para outra — somam 1.289 quilômetros. No entanto, apenas 159,3 quilômetros foram de fato finalizados e entregues. Além disso, 274 quilômetros de adutoras estão em processo de licitação e 856 quilômetros estão em obra. A finalização das adutoras é importante, pois há regiões onde os reservatórios de água estão em situação crítica.


Atualmente, 11 reservatórios potiguares estão com menos de 10% de sua capacidade total, como Passagem das Traíras (0,03%), Itans (0,43%) e Mundo Novo (2,39%), em razão da falta de chuvas. Na divisão por regiões do RN, o Médio Oeste se destaca com maior quantitativo acumulado de água nos reservatórios, com 68%. Na sequência está o Agreste (62%), o Oeste Assu-Mossoró (61%), a região Central (49%), o Alto Oeste (40%) e o Leste (40%). Por último, está o Seridó, com 17%. Grande parte dos municípios com reservatórios em situação crítica está no Seridó. Ao todo, a região tem a pior média hídrica do Estado, com apenas 17%.


Nesta região, o Projeto Seridó Norte está em andamento, com investimento de R$ 300 milhões garantidos via Novo PAC. A obra capta água na Armando Ribeiro Gonçalves, que poderá vir da Barragem de Oiticica, e distribuirá para diversas cidades seridoenses, com previsão de conclusão entre o fim deste ano e início de 2026.


Outra obra é a Adutora do Agreste, que inicia sua execução física em agosto e tem orçamento de R$ 468 milhões para as duas primeiras etapas. O governo busca adiantar a conclusão da primeira fase para junho de 2026. O projeto completo, dividido em três etapas, beneficiará 38 municípios e 510 mil habitantes, reforçando o abastecimento em regiões como Nova Cruz, Santo Antônio e Tangará. A instalação da estrutura acontecerá na divisa do RN com a Paraíba.


O governo também afirma que tem intensificado a perfuração de poços, com a previsão de 500 poços perfurados até abril de 2026, dos quais 53 já foram concluídos. A ação acontece ao mesmo tempo do desenvolvimento de dessalinizadores, garantindo água potável para populações em regiões onde a água subterrânea apresenta alto índice de salinidade.


“Nós temos duas metas a serem atendidas: que não falte água para nenhuma pessoa; dois, que a gente possa levar água para outra dimensão, do desenvolvimento e da produção. Portanto, manter o rebanho funcionando, já que a parte agrícola em si é mais difícil de manter”, explicou Paulo Varella. Como última instância, quando adutoras, barragens ou poços não conseguem suprir o abastecimento, a operação carro-pipa é utilizada para garantir água à população. Atualmente, 212 veículos foram contratados para abastecer mais de 79 mil pessoas, de acordo com a Defesa Civil Estadual.


Dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn) apontam que, entre março e maio, choveu em todas as regiões do estado, mas bem abaixo do esperado. A estimativa para este ano era de cerca de 382 mm no acumulado do trimestre, mas foram registrados apenas 252 mm. Isso significa uma queda de 42% entre o que choveu em 2025 e o que choveu no ano passado. No mesmo período de 2024, foram 440 mm.

Transposição

A Barragem de Oiticica, localizada no Seridó potiguar, começará a receber água da transposição do Rio São Francisco a partir do dia 1º de agosto deste ano, segundo confirmou Paulo Varella, secretário da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), em entrevista à TRIBUNA DO NORTE. A medida, que prevê a entrada de três metros cúbicos por segundo, é considerada fundamental para garantir o abastecimento durante o período de seca em uma das regiões mais afetadas pela estiagem no Rio Grande do Norte.


De acordo com Paulo, essa ação acontece após uma articulação com o Governo Federal para mitigar os impactos da seca. “A trilha do desenvolvimento, ela passa pelo caminho das águas. As ações que nós estamos tomando agora, elas são absolutamente fundamentais para que a vida lá no nosso interior continue fluindo de forma livre. Então, são ações absolutamente estruturantes, necessárias, fundamentais. Agora, só vai estar funcionando porque a gente está se articulando internamente”, explica.


Em valores, a construção do reservatório recebeu R$ 893 milhões, sendo R$ 161 milhões provenientes do PAC. Inaugurada em março, a Barragem de Oiticica é o segundo maior reservatório do Rio Grande do Norte, com capacidade para abastecer até 2 milhões de pessoas. Atualmente, ela acumula um volume de água de aproximadamente 103,3 milhões de metros cúbicos, o equivalente a 13,92% da capacidade total, que é de 742,6 milhões de metros cúbicos, em razão da falta de chuvas.


Além da transposição, o Governo do Estado executa um programa de recuperação de barragens, com investimento de R$ 18,2 milhões. Das 68 estruturas sob responsabilidade do RN, 28 já estão contratadas. Quinze dessas barragens estão em execução e, segundo o secretário, todas devem estar prontas até o fim de julho. “É feito o barramento, as partes esburacadas que inclusive são risco de segurança, além de deixar as paredes novinhas e ajeitar as comportas”, detalha o secretário.

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