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Mesmo sem cargo nas Executivas do PT em Natal e no Rio Grande do Norte, o ex-senador e ex-presidente da Petrobras, o advogado e economista Jean Paul Prates criticou o “caciquismo” do partido ao não abrir discussão interna sobre uma futura composição de chapa à sucessão da governadora Fátima Bezerra em 2026.
Jean Paul Prates posicionou-se contra antecipação do lançamento da pré-candidatura a governador do secretário estadual da Fazenda, Carlos Eduardo Xavier, o “Cadu”, numa entrevista à radio Cidade (94.3 FM), sem antes haver debate dentro do sistema político do governo sobre uma eventual candidatura, a qual considera natural, do vice-governador Walter Alves (MDB) e e envolvendo até mesmo o presidente da Assembléia Legislativa, deputado estadual Ezequiel Ferreira (PSDB).
Jean P. Prates declarou que essa prática já ocorreu em 2022, quando foi preterido pelo PT para disputar a reeleição e acabou sendo candidato a suplente de senador: “Não sei se a governadora ou a ‘entourage”, mas aconteceu com Carlos Eduardo para senador. É uma análise que eu tenho que fazer, mesmo como preterido, eu tenho o direito de fazer isso”.
Disputa
Prates remora que “em tese haveria a possibilidade, praticamente uma regra consuetudinária do PT, que quem está no seu cargo e está exercendo bem o cargo, eu não acredito que ele estivesse exercendo mal, tivesse o direito de disputá-lo”.
Mas, segundo Prates, “houve um entendimento de que trazendo o Carlos Eduardo para a chapa de Fátima, mesmo que isso soasse completamente estapafúrdio, porque ele tinha acabado de ser candidato contra ela, e com debates bastante acalorados e declarações bastante ruins sobre o Partido dos Trabalhadores e apoiando Bolsonaro, tenha sido chamado para a chapa para simplesmente a eleição ficar mais fácil, sendo que ela ganharia no primeiro ou no segundo turno de qualquer forma”.
Prates havia disputado a eleição de prefeito de Natal em 2020, quando ficou em segundo lugar com 14,38% dos votos válidos e se considerava candidato natural à reeleição para senador, cargo ao qual ascendera em 2028 com a primeira eleição de Fátima Bezerra para o Executivo Estadual. “Esse debate também não houve, a estratégia sempre foi não vamos falar nisso agora, é cedo demais e em cima da hora decide alguma coisa, que ninguém consegue nem reagir”.
Para João Paul Prates, “isso aconteceu naquela época e agora parece que está acontecendo de modo só com uma forma muito precoce”.
Estratégia
Jean Paul Prates ressalva que “Cadu Xavier é um excelente quadro do Partido dos Trabalhadores do Rio Grande do Norte, é perfeitamente possível que seja candidato a governador e apoiado por todos, mas isso tem que ser discutido”. O ex-senador acha que, “tem que haver, primeiro, estratégia inteligente, usando os fatos que existem a nosso favor, afinal de contas, a governadora se desincompatibiliza, existe um vice-governador que tem um cabedal, tem uma experiência política, é um grupo político importante, inclusive de prefeitos, que é um potencial candidato, e só ele, somente ele pode decidir”.
Prates repetiu que “não são os outros que podem decidir” por Walter Alves, o qual preside um partido, com 45 prefeitos no Estado: “Ele só que pode dizer, eu não quero ser candidato por essa razão, por uma razão pessoal, porque eu acho que vale mais a pena buscar um legislativo”.
“Depois tem um segundo na linha de sucessão, que é nada menos do que o presidente da Assembleia. E uma pessoa fortíssima também, conhecedíssima também, um político de grande capacidade”. Finalmente, critica Prates, “ignoram essas três coisas e simplesmente sai para um cenário qualquer? Não, nós temos que passar por todos esses estágios. E essas pessoas têm que ter oportunidade de se pronunciar e até oportunidade de exercer nesse estágio de balões de ensaio, eles tem que ter o direito aos balões de ensaio deles, têm que ser testados”.
Tribuna do Norte