As altas temperaturas do verão brasileiro estão (e vão ficar) ainda mais elevadas. Pelo menos é essa a previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) que prevê calor acima da média para grande parte do país esta semana. O destaque vai para capitais e regiões metropolitanas que já registraram recordes nas duas últimas ondas de calor deste verão: Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais.
Sudeste, 40ºC
O verão carioca é famoso por superar os 40ºC, mas as altíssimas temperaturas vêm sendo frequentes e batendo sucessivos recordes, não só no Rio, mas também na região metropolitana. Tanto o Inmet quanto o Sistema Alerta Rio já indicaram que esta semana será de calor extremo, mais uma vez. Podendo, inclusive, superar a máxima já registrada em fevereiro de 2023, quando a cidade alcançou os 41,8ºC.
Mas segundo o meteorologista do Inmet Olívio Bahia, a previsão é de que na próxima quarta-feira (19) as temperaturas caiam um pouco. “Não é que caia para frio, mas a temperatura deve cair para cerca dos 36ºC, o que ainda é muito quente”, explica.
Para os próximos dias — pelo menos até a próxima quarta-feira (19) — atenções voltadas para estados do Sudeste. Além do Rio de Janeiro, capitais e regiões metropolitanas de Minas Gerais e do Espírito Santo, que devem ter temperaturas altas, em torno dos 38ºC. Mas o calorão não tende a ficar muito tempo, explica Bahia.
“São dias quentes, mas a partir de quarta-feira essas temperaturas, ainda quentes, tendem a diminuir ligeiramente. Essa onda de calor tende a não se estabelecer.”
Outro alerta para os próximos dias, segundo o meteorologista, fica por conta das chuvas. Os temporais são previstos para o Sul do Brasil e devem ocorrer até quarta-feira com maior intensidade.
Mais calor no Rio Grande do Sul
O estado gaúcho pode se preparar para mais uma temporada de calor extremo, segundo o Inmet. Por lá, as temperaturas devem voltar a superar os 40ºC a partir da próxima sexta-feira ( 21).
“As temperaturas devem voltar a subir bastante em áreas da Argentina, Uruguai e Paraguai e essas temperaturas devem voltar a atingir as áreas do Rio Grande do Sul. Esse é um prognóstico um pouco mais prolongado que a gente está visualizando que pode se estabelecer, essas temperaturas beirando os 40ºC em algumas áreas, especialmente na região de fronteira com o Uruguai. A depender da continuidade dessas temperaturas — se perdurar por mais de cinco dias — podemos ter ondas de calor”, alerta o meteorologista.
Se a previsão se concretizar, esta será a terceira onda de calor desde o início do ano. Em janeiro, a primeira onda de calor aconteceu entre 17 e 23 e, a segunda, entre os dias 2 e 12 de fevereiro, ambas no Rio Grande do Sul. Na segunda onda, o Inmet emitiu alerta vermelho de grande perigo que se estendeu a algumas áreas de Santa Catarina e Paraná. As temperaturas, durante a onda, ultrapassaram os 40°C em vários municípios gaúchos, como Quaraí (43°C) e Uruguaiana (41,3°C). Na capital, Porto Alegre, a temperatura máxima chegou a 39,3°C.
O que está aumentando as temperaturas?
Segundo o meteorologista, é importante lembrar que as altas temperaturas são normais nesta época, justamente por estarmos no verão “o período em que o sol ilumina mais o hemisfério Sul”.
“Além do sol e temperaturas elevadas temos excesso de umidade, por isso temos as chuvas de verão.” Mas nos últimos dias outros fatores têm influenciado.
“Temos uma área de alta pressão sobre o oceano Atlântico e ela inibe e dificulta a formação de nuvens, com isso temos período de maior exposição do sol. Principalmente em Minas Gerais, áreas de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, leste do Nordeste brasileiro. Com maior exposição solar, a radiação chega até a superfície da Terra e aquece o ar próximo a ela.”
Olívio Bahia ainda explica que por não termos o filtro natural — a nebulosidade — é que as temperaturas acabam ficando acima da média.
Calor, o maior perigo é a desidratação
Bebês, crianças e idosos são sempre os mais vulneráveis quando o assunto é calor e risco de desidratação. Mas em casos de temperaturas altas por muitos dias, as orientações valem para toda a população.
A médica do esporte Fernanda Angotti explica que, em dias de calor extremo, o ideal é evitar exposição ao sol entre o horário de pico, das 10h às 16h, principalmente atividades físicas. Aumentar o consumo de água, bebidas hidratantes, como água de coco e suco de frutas naturais, e manter uma uma alimentação leve é essencial.
“Use roupas que permitam a transpiração, como os tecidos de algodão e, se precisar sair de casa nos horários de temperaturas mais altas, leve uma garrafa de água, use boné ou chapéu e passe protetor solar”.
Para quem pratica atividade física, a especialista ainda ressalta que é “fundamental escutar o corpo e, ao primeiro sinal de tontura, cansaço excessivo ou taquicardia, parar imediatamente o que está fazendo e se abrigar na sombra.
Esfriar o corpo com água fria ou gelo também ajuda a dissipar o calor e baixar a temperatura corpórea.
Em Brasília, para onde não há alerta de onda de calor, mas nos horários mais quentes do dia a máxima tem ultrapassado os 30ºC, o personal trainer e treinador de corrida Feldman Barcelos orienta que os alunos que treinam ao ar livre façam os exercícios de manhã, o mais cedo possível.
“Até para treinar nos horários mais cedo, a gente entra com algumas recomendações: no dia anterior, hidratar bem, antes de sair de casa passar protetor e hidratar novamente para correr com o corpo já hidratado. Quando você corre com falta de água, você transpira mais com seu corpo tentando regular a temperatura, também acaba atrapalhando muito a resposta cardiovascular.” O treinador compara o corpo a um carro, que quando aquece demais, tende a parar.
Onda de calor
A onda de calor é estabelecida quando se tem uma temperatura 5ºC acima da média para o período por, pelo menos, cinco dias consecutivos. O meteorologista Olívio Bahia explica que nem sempre o calorão atinge todos esses requisitos. “Mas isso não reduz a importância do calor, são dias mais quentes, mas às vezes, 4ºC graus acima da média, por exemplo.”
Fonte: Brasil 61